Morosidade e Polí­tica

Uma alienação mental que nunca mais acaba. Todos os prazeres da vida deviam ser assim: excessivamente prolongados, passíveis de um deleite demorado e voluptuoso, cuja fórmula dilatória só teria como única variável a nossa devoção .

Apesar da notória ausência de volúpia, foi em este reino emotivo que me encontrei no sucedido fim-de-semana. Fui rainha da cozinha e do meu "quarto 2" ( desejo veemente que a aplicação desta insípida terminologia não dure mais do que o tempo que a EDP leva para instalar o bem essencial que onerosamente fornece). E por falar em EDP... A sucessão de factos que preenche o mosaico da nossa estrelar mudança tem vindo a afirmar-se como pedra preciosa do manto da necessária aprendizagem sobre a minha condição enquanto utente portuguesa. É certo que o torturante caminho a percorrer por um utente deixou de o ser graças à existência daquilo que constitui o único legado positivo do principado guterrista, vulgo "Loja do Cidadão ".O problema é que o grau de eficiência do atendimento nem sempre apresenta correspondência quando toca à materialização da resposta ao nosso pedido. Ressalva feita à EPAL que conseguiu o que há muito ninguém consegue: maravilhar-me! Por sua vez, e antes que mergulhasse nos lençois da utopia de quem vive em um Estado onde TUDO funciona segundo critérios de razoabilidade e sensatez, a EDP apresentou-se inconvenientemente rígida, eufemisticamente escrevendo, pois a prestação dos seus serviços considera tudo aquilo que só uma empresa monopolista dar-se-ia ao luxo de atender em pleno século XXI: o pedido tem de ser efectuado com 24h de antecedência, sujeito ao período das 09h ás 16h ( pasmem-se!), distinguindo para o efeito entre dias úteis e não úteis... Em termos praticos efectua-se um contrato com a EDP numa sexta-feira, por volta das 19h, para ser possível assistir ao telejornal das 20h na terça-feira seguinte!!! Paí­s moderno...
Bastante demodé constitui também aquilo que o Rui decide partilhar no texto precedente: a sua opinião, tão politizada quanto a nomeação por si criticada. Sabemos, e tu também Rui, que na sociedade hodierna todo o produto fabricado tem por base as já existentes necessidades do público , isto é, os produtos são concebidos à imagem do público a que se destinam. Agora se o "DN está adormecido nos últimos anos, apresenta más fotografias, textos sem sabor, suplementos que não passam de incrementos de papel e uma linha editorial colada à estratégia do Governo", isso é outra história. O problema reside nos seus leitores: cinzentos e desprovidos de capacidade critica. É esta a ilação que tiro depois de consumir o teu texto. Eu não consumo o DN, mas consumo o Povo Livre e o Público.Conexões?! Talvez as existentes entre o meio profissional a que pertences, as tuas legítimas convicções polí­ticas e o texto em apreço por ti produzido...
Babs

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