O mito do desconhecido

É aí que reside o cerne de todo e qualquer problema; nessa cega teimosia que elege o calculismo - material e sensorial - como a "Constituição" de toda e qualquer orientação da conduta humana. Essa cegueira artificial que não nos permite aceitar que cada um de nós precisa de dar mais atenção a si próprio. Não constitui qualquer forma de narcisismo contemporâneo numa versão pretensamente urbana. É só um caminho para se poder ser um pouco mais feliz.
Como é que alguém pode viver na ilusão de viver uma vida preenchida se não souber consumir cada impulso ditado por qualquer um dos nossos cinco (ou seis!) sentidos?!- pergunto eu. Como é que se retem um sorriso?! Como é que alguém ousa proclamar que um homem não chora, se as lágrimas mais viscerais que vi escorreram de um rosto de um homem?!
É ímpar a força transmitida por um impulso; não pode ser retida dentro de cada um.
Ainda recentemente escrevi uma suposta carta de amor. Hoje já não o faria.E foi isso mesmo: um impulso. Desconheço a sua natureza - é o que acontece com tantos outros impulsos impossíveis de catalogação. Mas são estes que verdadeiramente nos movem tornando-se recorrentes pelo desejo que suscitam na busca da sua identificação. É o eterno mito que rodeia o desconhecido,basicamente.

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