Uma bola de neve tem andado a formar-se atrás de mim. Fui eu que a formei bem lá no alto e comecei a descer abandonando-e lá em cima mesmo à beira da descida.

Estou no caminho para baixo e reparei que a pequena bola se desprendeu lá do alto e vem formando-se à medida que o tempo passa. Ainda olho para trás e vejo que está lá atrás a rebolar lentamente, ganhado alguma velocidade nestes últimos tempos. Velocidade e corpo.

Para já, consigo continuar a descer sem que seja arrastado por ela, mas a verdade é que a começo a ver maior, mais perto, mais rápida e decidida. Sou eu que a controlo, por enquanto. No entanto sinto que criei algo vivo, com vontade própria que creio mais cedo ou mais tarde coincidirá com a minha vontade que no fundo é a que está presente nela.

A minha pessoa levou uma grande stickada nos últimos tempos. Tem sido uma recuperação difícil. Difícil porque fizeram repensar toda a minha pessoa, que sempre tive em boa conta. Conseguiram fazer-me duvidar disso. E hoje em dia vivo com esse dilema que apareceu nessa stickada. Nunca antes tinha tido estas questões.

Essa stickada fez-me repensar isto. Isto tudo. Quem sou, onde estou, como estou e começar a perceber que não pertenço por aqui. Nem sei onde pertenço, talvez por isso tenha posto a bola lá no alto e seguido no caminho que sei que ela vai tomar.

E não me desvio...

Sei que se a bola de neve me apanhar e me envolver nela forçando-me a tomar o seu caminho, essa é a minha vontade.

E a vontade é de sair daqui, ir para outro lugar, fazer um reboot ao sistema, bazar daqui e do pé de pessoas que não me enriquecem. Se é para estar sozinho ao menos que seja porque sim porque é a condição que terei lá por fora ao invés do que se passa por aqui.

Em 6 meses ou me entrego ou apanho boleia de mim próprio.